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Walter Robert McAlister nasceu em 13 de agosto de 1931, em Ontário, Canadá. Vindos de uma família originalmente evangélica e com tradição no reavivamento pentecostal, ele e seus irmãos, Elizabeth e Jack, foram criados na Igreja e dela nunca saíram.

Mesmo assim, Robert não queria saber de Deus. Era considerado a "ovelha negra" da família, mas seus pais nunca deixaram de orar por ele. Seu pai, Walter E. McAlister, era pastor da Igreja da Pedra, em Toronto, e também superintendente geral das Assembléias Pentecostais do Canadá. Era um homem extremamente humilde; sua mãe, Ruth, sempre foi dona de casa.

Quando Robert se converteu, aos 17 anos, no dia 18 de setembro de 1948, era inspetor de seguros de automóvel. Só deixou esse trabalho para estudar, durante três anos, em uma escola bíblica, a Eastern Pentecostal Bible College, em Peterborough, Ontário, que fica a duas horas de ônibus, ao norte de Toronto.

Já como missionário, pregou foi nas Filipinas. Em 1953 e 1954 esteve em Formosa e em Hong Kong, onde fundou as duas primeiras Igrejas de Nova Vida.

Em 1955, foi para os Estados Unidos fazer uma cruzada e conheceu uma jovem de Charlotte, Carolina do Norte. Eles se conheceram em um sábado de manhã. Estavam tomando café na casa da mãe dela, onde estava hospedado. Eles conversaram e, dois dias depois, na segunda-feira, ele a pediu em casamento. Ela perguntou porque ele tinha demorado tanto para se decidir. Casaram-se pouquíssimo tempo depois, no dia 10 de junho de 1955.

Robert planejava ser missionário em Calcutá, na Índia. Às vésperas da viagem, descobriu que como canadense podia ir, mas sua esposa, como norte-americana, não. Era proibida a sua entrada. O sonho acabara. Com isso, doou os 5 mil dólares que tinha guardado para fazer a viagem para o seu melhor amigo, Mark Buntain, missionário na Índia durante vários anos. Em 1956, foi ser missionário em Paris, França. Ao retornar para Charlotte, continuou com as missões e pregou algumas vezes na igreja de seus pais. A convite do pastor Lester Summeral veio ao Brasil para fazer uma campanha evangelística. Foi quando Deus falou ao seu coração para ficar em nosso país.

Como tudo começou

"O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito" (João 3.8)

Tudo começou com esse convite. Acostumado a realizar cruzadas pelo mundo inteiro, Roberto McAlister participou de uma campanha evangelística no Maracanãzinho, Rio de Janeiro, em 1958. Ele já havia estado no Brasil durante sua lua-de-mel. Seu plano era continuar a correr o mundo pregando a Palavra de Deus. Mas ouviu a voz de Deus: "Este é o lugar para o qual eu o chamei para pregar a minha Palavra". Sua rota não foi mudada por um simples vento, como a do navegador, e sim por Aquele que é mais poderoso do que qualquer furacão: o vento do Espírito Santo. No final da campanha, teve que voltar correndo para o Canadá, pois sua filha tinha acabado de nascer. Decidido a cumprir o chamado de Deus, poucos meses depois, em 1959, Robert McAlister veio morar no Brasil.

Acompanhado da esposa, Glória, e de seus filhos, Walter, com dois anos e meio, e Heather Ann, de apenas seis meses, foi primeiro para São Paulo, mas todas as portas se fecharam. Era a mão de Deus: ele estava sendo chamado para o Rio de Janeiro. Foram morar em Santa Teresa. Assim começou a Cruzada de Nova Vida.

A Igreja que começou no rádio

A Igreja de Nova Vida nasceu de um programa de rádio, a Voz da Nova Vida, que foi transmitida pela primeira vez no dia 1º de agosto de 1960, às 6h30, através da Rádio Copacabana. "É tempo de ouvir uma mensagem de nova vida!" Foi assim que começou o primeiro programa. Foi dessa forma que o missionário Roberto McAlister fundou a pioneira de muitas igrejas evangélicas renovadas no Brasil.

Ele teve que fazer um curso intensivo da língua portuguesa (oito horas por dia, durante três meses), para poder fazer a locução do programa de quinze minutos. Tudo tinha que ser escrito, até a oração.

"Tudo era lido, mas com unção, como se estivesse sendo só falado", diz o pastor Walmir Cohen, que participou dos programas de rádio por vários anos. A gravação dos primeiros programas foi realizada na casa do bispo Roberto, tendo como estúdio um quarto com cobertores pendurados nas janelas, para abafar os ruídos.

O grande impacto causado por aquelas mensagens de salvação levou-o a fazer dois programas diários, um às 6h30 e outro às 18h30. Em 1963, ele sentiu a necessidade de alcançar todo o Brasil com as Boas Novas.

Com isso, transferiu o programa para a Rádio Mayrink Veiga, às 8h10. A Rádio Guanabara também veiculou o programa até que fosse transferido para a Rádio Relógio, comprada pela igreja em 1967. A partir daí, a Igreja de Nova Vida começou a produzir mais programas, como o Café Espiritual. "A Rádio Relógio foi mais um dos grandes milagres de Deus. Depois de muitas lutas, o contrato foi assinado e as duplicatas emitidas. Ela contribuiu muito para o crescimento da Igreja de Nova Vida. A sua venda foi como rasgar uma página da nossa história", lamenta o bispo Tito Oscar.

Frases que o caracterizavam começaram a ser repetidas pelo povo: "Que Deus o abençoe rica e abundantemente"; "É chegada a hora da oração", entre outras.

A audiência foi crescendo e no primeiro ano de programa recebera doze mil cartas. Enfatizando a cura das enfermidades nas transmissões, o pastor Roberto sentiu necessidade de passar aos ouvintes a base bíblica de suas declarações. Naquele momento surgia o seu primeiro livro, Perguntas e Respostas sobre a Cura Divina, que era dado a quem escrevia para o programa. O livro esgotou-se no primeiro mês.

Do rádio para o templo

Milhares de pessoas falavam sobre as pregações e das vidas transformadas pela Palavra de Deus através dos programas de rádio. Muitas pessoas o procuravam na emissora, para buscar orientação espiritual, até que alugou um escritório no Edifício Central, na Avenida Rio Branco, no centro do Rio. Mas o fluxo de pessoas era tão grande que não era mais possível para ficar só na rádio e em escritórios. Um desejo começou a invadir o coração do missionário canadense: reunir todos os ouvintes num lugar para falar de Jesus.

Foi às duas e meia da tarde, no 9o andar do edifício da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), na rua Araújo Porto Alegre, 71, Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1961, dia das mães, que foi celebrado o primeiro culto da Cruzada de Nova Vida em local fixo. O auditório estava lotado. O convite para seguir a Jesus Cristo foi aceito por centenas de pessoas, que ficaram de pé, anunciando o desejo de segui-lo. "Foi um culto muito alegre. Era impossível não sentir a presença do Espírito Santo", conta D. Elza Queiroz, esposa do bispo Jorcelino.

Centenas de pessoas receberam a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas. Domingo após domingo, Deus manifestava o seu poder.

Os novos-convertidos eram aconselhados a congregar em uma igreja próxima de suas casas, porém o número de membros foi crescendo tanto, que houve a necessidade de se criar mais um culto. Além disso, o crescimento espiritual "pedia" mais busca do Espírito Santo. "Ah, que saudade! Aquele domingo pela manhã, quando sentimos necessidade de mais uma reunião, pois o povo começou a cantar no espírito pela primeira vez", suspirou o bispo Roberto certa ocasião. A partir daí, nas quartas-feiras, à noite o povo também se reunia para louvar a Deus e presenciar grandes milagres.

Gabinete Pastoral

Uma grande inovação foi trazida por Roberto McAlister para o meio evangélico. Os escritórios em que os estúdios de gravação funcionavam, na Av. Graça Aranha, começaram a ser utilizados também como gabinete pastoral. Os ouvintes recebiam orações e conselhos, além de ganharem livros do bispo.

A procura pelo gabinete foi tão grande que mais três salas foram alugadas, em agosto de 1962. Todas ficavam no 10º andar do Edifício Avenida Central, na Av. Rio Branco. Elas só foram fechadas quando de sua transferência para o Templo de Nova Vida de Botafogo em abril de 1971. "Muitas pessoas que nunca entrariam em uma igreja evangélica foram recebidas. Centenas de horas foram utilizadas para ouvir e aconselhar. Muitas orações foram feitas e atendidas naquele lugar. Ainda hoje, todas as nossas igrejas mantêm um tempo durante a semana para este tipo de ministério", diz o Bispo Tito Oscar. E na Nova Vida, como em muitas outras igrejas evangélicas, há membros fiéis à Palavra de Deus que nasceram espiritualmente no gabinete pastoral da Cruzada de Nova Vida.

A abertura de Igrejas O fato de ser um auditório trazia algumas dificuldades, mas todas eram resolvidas. Quando tinha batismo, um tanque de madeira era montado na plataforma, que servia de púlpito. "Era trabalhoso. Enchia de água e depois tinha que esvaziar e desmontar", diz D. Elza. E o instrumento para o louvor? Como o auditório era alugado para outros eventos, o Bispo Roberto tinha que empurrar todo dia de culto o órgão do escritório na Av. Graça Aranha até a ABI, na Rua Araújo Porto Alegre. Uns duzentos metros mais ou menos.

A abertura de igrejas foi uma conseqüência natural e espontânea deste movimento do Espírito Santo. A ABI foi um passo importante para iniciar o progresso da igreja. Em 7 de março de 1964 foi inaugurada a primeira Igreja de Nova Vida, em Bonsucesso, Rio de Janeiro. A Cruzada se transformava em Igreja. Deus confirmava a visão que havia dado a seu filho. O ministério da Nova Vida crescia, enquanto ele seguia em direção ao alvo que o Espírito Santo lhe deu: "O Brasil para Cristo em nossa geração". A sede em Botafogo seria inaugurada no ano de 1971.

Avançando na mídia

Em 1978, a Igreja de Nova Vida iniciou o programa de televisão Coisas da Vida, sendo uma das pioneiras na utilização da TV como meio de evangelização. Através desse programa milhares de vidas por todo o país se entregaram a Jesus Cristo. Logo depois, foi criada a Escola Ministerial na qual foram treinados preparados vários pastores, pois a Igreja crescia rapidamente. Além desses trabalhos, a Igreja de Nova Vida sempre atuou com firmeza na produção de livros e revistas.

Em 1964, antes mesmo das primeiras igrejas nascerem, a Palavra de Nova Vida já estava circulando. Com dezesseis páginas, ela circulou até 1966, chegando a ter uma tiragem de vinte mil exemplares. Mais tarde, surgia uma nova publicação, A Voz da Nova Vida. Esta revista marcou um período importante na história da Igreja evangélica brasileira. Pastores e líderes foram atingidos do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Paralelamente, o bispo McAlister acompanhava o crescimento da obra com uma produção muito abençoada de livros: As Dimensões da Fé Cristã, Os Alicerces da Fé, As Alianças da Fé, A Experiência Pentecostal, Medo, Crentes Endemoninhados: a Nova Heresia, e muitos outros.

O descanso

Roberto McAlister tinha um histórico cardíaco e já havia feito três operações de ponte de safena. Na última, o coração aderiu ao peito. Quando foram fazer o transplante, uma hemorragia começou e ele não resistiu. O Senhor levou-o para perto de si em 12 de dezembro de 1993. O pastor foi embora, mas os seus ensinamentos ficaram marcados para sempre em suas ovelhas e discípulos.

Fonte: website da Igreja de Nova Vida da Tijuca, RJ (adaptado)

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